Bahia com Agá: crônicas bem bahianas

… a notícia de que Mundinho tinha ganhado uma bolada no bicho se espalhou pelo Curuzú.
Logo apareceu um monte de gente pedindo emprestado, propondo negócio, vendendo coisas. Mundinho passou bem por essa primeira fase sem fazer inimizades e sem tocar na poupança. Apesar disso uma situação estava lhe incomodando. O assédio.
De repente as mulheres e os gays não deixavam Mundinho em paz. Viviam na porta dele, lhe cercavam no bar. Acabara o sossego. Mas aí ele teve uma ideia. Já sei como vou acabar com isso, pensou. Ele espalhou a notícia na comunidade que estava com problemas na próstata. Fez suspense e depois de alguns dias disse que ia ter de operar.
Passados mais alguns dias ele falou com o patrão, pediu dois dias de férias no trabalho e foi para a casa de uma tia em Mar Grande. Quando apareceu de volta no bairro ele contou pra todo mundo que tinha se operado, que estava tudo bem.
– Mas e aí Mundinho? Ainda funciona?
– Rapaaiz, funcionar já era, nem com Viagra. Mas não teve jeito, teve de ser, teve de operar.
– Pois é…
A notícia se espalhou rápido.
Mundinho ficou esperando o resultado. Os gays sumiram, pararam de assediar. Mas o mulheril não saía da porta de casa, parecia até que tinha aumentado a quantidade.
Mundinho não entendeu. Como ele tinha um amigo do peito, o Josafá, bróder de verdade, que sabia da história da falsa operação, comentou com ele:
Ô Jósa num tô entendendo, o mulheril não sai da minha porta, até piorou.

… CONTINUA