As Razões da Terapêutica: Empirismo e Racionalismo na Medicina

A concepção de que a medicina é uma ciência, tem se tornado algo como um senso comum, em especial a partir do processo maciço de incorporação tecnológica dos últimos anos. Nesse trabalho, o autor irá mostrar que a medicina não pode estar reduzida aos limites das suas “ciências auxiliares”. Enquanto uma disciplina que deve dar conta do organismo humano complexo, e fundada na relação interpessoal, o campo médico transcende as fronteiras das ciências biológicas, e obrigatoriamente, deve assumir, sem rodeios, a dimensão de arte.
Somente a arte seria capaz de integrar os a priori das ciências clássicas, com a experiência, com a cultura, com os determinantes sociais e econômicos, com a relação interpessoal, com a complexidade familiar, com a mente e o espírito humanos. Como podemos pensar existir uma ciência capaz de dar conta de tudo isso? A questão central é que a medicina oficial se preocupa apenas com o corpo estrutural (anatômico e químico), e se esquece dos demais corpos ou dimensões. Esse reducionismo está na base da concepção medicina como ciência.
Nesse trabalho, o autor desmistifica o discurso científico na medicina, centrado no racionalismo, e resgata o modo de produção de saber baseado no empirismo. Vai mais além, afirma ser o saber empírico ou quase empírico (sensibilidade, intuição, observação), um modo privilegiado de se produzir conhecimento sobre a complexidade humana. Na verdade, o autor deixa claro que o campo médico é necessariamente um campo eclético, de integração de conhecimentos, sejam eles originários da vertente racional ou empírica, pois o que está em jogo não é a coerência lógica dos discursos, mas a tarefa fundamental da medicina – aliviar o sofrimento humano e se possível curar o enfermo.