As 7 colónias

Arzgon é um planeta distante, estranho à nossa galáxia. Um local longínquo e habitado, uma terra viciada e enegrecida, um recanto à beira do colapso natural e social. Zarzgon um planetóide vizinho, inóspito e puro, uma terra virgem e um sinónimo de esperança e continuidade, um sonho de futuro e uma visão de presente.

Numa época que não a nossa, vive-se em Arzgon um período parecido com aquele a que impunemente assistimos nesta nossa querida esfera à qual apelidámos um dia de Terra; uma época tatuada por uma revolução industrial descontrolada e obsessiva. Lá como cá, também os recursos naturais estão a ser esgotados até à exaustão, destruindo o nativo e o belo, trocando-o pelo artificial e pelo convenientemente prático. Na altura em que esta narrativa tem lugar, a maioria das florestas primitivas que resistiram à destruição gananciosa do homem Arzgoniano, assistiu com mágoa ao quase completo esfumaçar de uma importante parte da vida animal e vegetal. Nesse sítios, locais agora aparentemente inóspitos, surgiu em lugar dos habitantes primitivos um novo lote de residentes geneticamente alterados pelos anos de poluição desmedida. Perigosas e misteriosas criaturas mutantes povoam actualmente estes recantos evitados e sombrios.

À semelhança do que acontece nos ambientes selvagens, também a vida nas grandes metrópoles é tudo menos prazenteira. Dois terços da população Arzgoniana vive na mais pura e dura miséria, em condições desumanas. As doenças espalham-se a um ritmo alucinante, à mesma velocidade que viaja o vento que transporta o bafio de uma sociedade em podridão sem crença nela própria. Os anos a fio de exagerada dependência da tecnologia, o consumo e a queima excessiva de combustíveis fosseis, a quebra acentuada dos valores éticos e morais, os escândalos financeiros, os maus anos agrícolas e as catástrofes naturais, entre vários outros factores, conduziram a um estado próximo de uma anarquia camuflada, restando um regime demasiado debilitado e envergonhado de si próprio, que sente a todo a custo a necessidade de reemergir do pesadelo.

Os tumultos entre facções da população tornaram-se uma constante do dia-a-dia. Mas são sobretudo os confrontos entre os cidadãos e os militares, os que causam maior revolta e consternação. O governo local atingiu o chamado ponto de não retorno, e assim foi obrigado a estudar uma solução drástica, uma saída para a situação que a cada dia que passa se torna mais insuportável, e que ameaça com a extinção da própria espécie numa questão de décadas. Os maiores e mais capazes cérebros do planeta reuniram-se durante meses a fio em busca de uma réstia de esperança. A solução surgiu. Não era de fácil consecução nem tampouco geraria consenso entre a população, mas era a única alternativa minimamente viável e exequível. Do mal o menos, a avançada tecnologia permiti-lo-ia! – Colonizar-se-ia Zarzgon!

Lothar, capital governamental de Arzgon, tinha como autoridade máxima o Conselho de Anciãos de Arzgon, uma espécie de parlamento à semelhança daquilo que conhecemos dos nossos sistemas democráticos. Era formado sobretudo pelos membros mais idosos, e daí alguns dos elementos mais respeitados da nação. Foi dentro deste distrito e perto desta cidade que uma importante descoberta arqueológica e científica teve lugar, um achado mais ou menos contemporâneo com o rebuliço despoletado pelo processo de colonização…