AO HOMEM QUE AMO

Lurdes é esquizofrênica. Escrevi com dificuldades o senso e a dor de uma mulher. A sua loucura transparente, expressiva de uma agoniada solidão, deu-me cuidados para relatar nesses 05 anos de composição, a inexpressiva atuação de uma perda amorosa.
É. Não dá para descrever os sentimentos de uma desarticulação mental, quando o outro é o causador de mudanças; mudanças que congestionam um sentimento acostumado a entender o amor como o liame de venturas e de desafios.
O Romantismo amoroso é traidor. Cabe nele apenas a idealização. Mas a idealização se esgota quando a razão vem fria e sem dó, o sonhador. Deixa-o arruinado sob os escombros dos sentidos corroendo a vida.
Lurdes sobreviveu ao seu próprio intento. Conseguiu apurar seus desequilíbrios após uma decepção. Venceu a decepção. Venceu as indiferenças. Venceu. Sua loucura era resgatar o amor de mãe e confessar-se das desilusões. Restou-lhe o controle sob os remédios de tarjas pretas; calmantes nas veias; ou choques diários… Tranquilizantes. Os delírios eram sonhos esgotados que se desfizeram após “um fim de um começo” que serão narrados no decorrer das cenas desta obra.

Almésio