ANTES QUE A GUERRA ACABE: TEATRO HISTÓRICO SOBRE A GUERRA DO PARAGUAI
Por Cláudio Aguiar Descrição de ANTES QUE A GUERRA ACABE, de Cláudio Aguiar
O objetivo fundamental do dramaturgo Cláudio Aguiar, em ANTES QUE A GUERRA ACABE, é mostrar como repercutiu a notícia de declaração de guerra ao Paraguai, por volta de 1864, numa sociedade agrária, tradicional e machista, fincada nos mais profundos grotões dos Inhamuns cearense, região fronteiriça com o Piauí. A veiculação da notícia, assustadora e afrontosa a todos os brasileiros, súditos do Imperador Dom Pedro II, Defensor Perpétuo do Brasil, aflorou, de maneira exacerbada, o sentimento patriótico e, ao mesmo tempo, obscureceu os entendimentos, procedentes ou não, oriundos das nações que, à época, afirmavam suas posições de sobrevivência, inclusive de fronteiras ainda sujeitas a conflitos de demarcação.
Por isso, a jovem Jovita Feitosa, na altura de seus 18 anos, nos confins do Ceará rural, foi tocada por esse sentimento patriótico e rompeu com todos os padrões de comportamentos familiares, éticos e morais. E foi mais além: conseguiu, travestida de trajes masculinos, como se fora um autêntico rapaz sertanejo, ingressar como praça no Exército Brasileiro, em quartel de Teresina. Ali, enfrentou trabalhos pesados e adaptou-se às regras disciplinares, tamanho o desejo de, com todas suas forças, ir a guerra.
Quando foi descoberto o seu ardiloso plano, o próprio Exército Brasileiro, em vez de puni-la exemplarmente, aceitou a desobediência ao regime disciplinar reinante e a transformou numa espécie de “garota propaganda”, usada para aliciar, mais e mais, combatentes para servirem na linha de frente nos campos de batalha do Paraguai, então, invadidos pelas tropas militares brasileiras. Ela foi mostrada em vários palcos, inclusive de teatros, a exemplo do de Santa Isabel, no Recife, onde, numa apresentação pública, enfrentaram-se os poetas Castro Alves e Tobias Barreto na tentativa de, cada um a seu modo, diante da própria Jovita Feitosa, defender seus pontos de vista sobre a coragem da brava mulher brasileira.
Além disso, Aguiar fixou a tensão do drama pessoal de Jovita Feitosa como se fora ela mesma o fiel da balança da disputa entre as tradicionais famílias dos troncos Feitosa e Montes daquela região cearense dos Inhamuns. Jovita se apaixonou pelo jovem Alexandre Monte, membro família rival, que, também foi a Teresina trabalhar como repórter e defender ideias contrárias às da namorada Jovita.
As ideias de Alexandre Monte denunciavam o móvel da guerra não apenas como sendo o fato de Solano Lopez, presidente paraguaio, ter agredido o Brasil com a invasão de Mato Grosso e ordenado o aprisionamento do navio Marquês de Olinda, mas, sobretudo, por causa dos manifestos interesses do imperialismo inglês em criar no Paraguai bases efetivas para, dali, conseguir influenciar e dominar as economias brasileiras, argentinas e uruguaias. Hoje, com o passar do tempo, se sabe que não se pode tomar como causa da guerra exclusivamente uma das três hipóteses aventadas pela historiografia: sentimento patriótico, interesses do imperialismo inglês e a afirmação de soberania de cada país envolvido no conflito. Afinal, a existência da chamada “Tríplice Aliança”, formada por Argentina, Brasil e Uruguai, justifica a lógica de que a História deve levar em conta não apenas um daqueles motivos, mas, ao contrário, reuni-los e destacar os motivos que influenciaram o desenlace de conflito bélico tão cruel e desigual. Hoje, boa parte dos historiadores insiste em qualificá-lo como autêntico genocídio. Para muitos, tal fato se revestiu em pesadelo para as forças armadas brasileiras, ao lado de outros pesadelos, não menos traumáticos, ocorridos em Palmares, Canudos, Contestado, Caldeirão, etc.
O drama pessoal de Jovita Feitosa, eivado de sonhos militares e amorosos, teve o seu desenlace no Rio de Janeiro, onde a jovem, tomada pela febre do patriotismo, sucumbiu, aos 20 anos de idade, sem conseguir, afinal, ir ao cenário do conflito antes que a guerra acabasse.
O objetivo fundamental do dramaturgo Cláudio Aguiar, em ANTES QUE A GUERRA ACABE, é mostrar como repercutiu a notícia de declaração de guerra ao Paraguai, por volta de 1864, numa sociedade agrária, tradicional e machista, fincada nos mais profundos grotões dos Inhamuns cearense, região fronteiriça com o Piauí. A veiculação da notícia, assustadora e afrontosa a todos os brasileiros, súditos do Imperador Dom Pedro II, Defensor Perpétuo do Brasil, aflorou, de maneira exacerbada, o sentimento patriótico e, ao mesmo tempo, obscureceu os entendimentos, procedentes ou não, oriundos das nações que, à época, afirmavam suas posições de sobrevivência, inclusive de fronteiras ainda sujeitas a conflitos de demarcação.
Por isso, a jovem Jovita Feitosa, na altura de seus 18 anos, nos confins do Ceará rural, foi tocada por esse sentimento patriótico e rompeu com todos os padrões de comportamentos familiares, éticos e morais. E foi mais além: conseguiu, travestida de trajes masculinos, como se fora um autêntico rapaz sertanejo, ingressar como praça no Exército Brasileiro, em quartel de Teresina. Ali, enfrentou trabalhos pesados e adaptou-se às regras disciplinares, tamanho o desejo de, com todas suas forças, ir a guerra.
Quando foi descoberto o seu ardiloso plano, o próprio Exército Brasileiro, em vez de puni-la exemplarmente, aceitou a desobediência ao regime disciplinar reinante e a transformou numa espécie de “garota propaganda”, usada para aliciar, mais e mais, combatentes para servirem na linha de frente nos campos de batalha do Paraguai, então, invadidos pelas tropas militares brasileiras. Ela foi mostrada em vários palcos, inclusive de teatros, a exemplo do de Santa Isabel, no Recife, onde, numa apresentação pública, enfrentaram-se os poetas Castro Alves e Tobias Barreto na tentativa de, cada um a seu modo, diante da própria Jovita Feitosa, defender seus pontos de vista sobre a coragem da brava mulher brasileira.
Além disso, Aguiar fixou a tensão do drama pessoal de Jovita Feitosa como se fora ela mesma o fiel da balança da disputa entre as tradicionais famílias dos troncos Feitosa e Montes daquela região cearense dos Inhamuns. Jovita se apaixonou pelo jovem Alexandre Monte, membro família rival, que, também foi a Teresina trabalhar como repórter e defender ideias contrárias às da namorada Jovita.
As ideias de Alexandre Monte denunciavam o móvel da guerra não apenas como sendo o fato de Solano Lopez, presidente paraguaio, ter agredido o Brasil com a invasão de Mato Grosso e ordenado o aprisionamento do navio Marquês de Olinda, mas, sobretudo, por causa dos manifestos interesses do imperialismo inglês em criar no Paraguai bases efetivas para, dali, conseguir influenciar e dominar as economias brasileiras, argentinas e uruguaias. Hoje, com o passar do tempo, se sabe que não se pode tomar como causa da guerra exclusivamente uma das três hipóteses aventadas pela historiografia: sentimento patriótico, interesses do imperialismo inglês e a afirmação de soberania de cada país envolvido no conflito. Afinal, a existência da chamada “Tríplice Aliança”, formada por Argentina, Brasil e Uruguai, justifica a lógica de que a História deve levar em conta não apenas um daqueles motivos, mas, ao contrário, reuni-los e destacar os motivos que influenciaram o desenlace de conflito bélico tão cruel e desigual. Hoje, boa parte dos historiadores insiste em qualificá-lo como autêntico genocídio. Para muitos, tal fato se revestiu em pesadelo para as forças armadas brasileiras, ao lado de outros pesadelos, não menos traumáticos, ocorridos em Palmares, Canudos, Contestado, Caldeirão, etc.
O drama pessoal de Jovita Feitosa, eivado de sonhos militares e amorosos, teve o seu desenlace no Rio de Janeiro, onde a jovem, tomada pela febre do patriotismo, sucumbiu, aos 20 anos de idade, sem conseguir, afinal, ir ao cenário do conflito antes que a guerra acabasse.
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): CLÁUDIO AGUIAR
- ASIN: B08MLQ48H5
- Idioma: Português
- Tamanho: 708 KB
- Nº de Páginas: 86
- Categoria: Arte, Cinema e Fotografia
Amostra Grátis do Livro
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