Amor Tardio

Auri Mascarenhas, um próspero senhor de engenho, cuja vida foi dilacerada pela perda precoce da esposa e do filho natimorto. Para expurgar sua dor, Auri fechou o coração para o amor e se dedicou à sua terra, ao plantio e à colheita. Trabalhava nos canaviais até sentir o corpo latejar, para só assim, tentar suplantar a lancinante dor que o atormentava, desde o fatídico acontecimento.

Janeide Batista, uma jovem sobrevivente da seca, perdeu os pais durante o trajeto até as terras férteis pernambucanas. Não chorou. O corpo reteve as lágrimas para se poupar. Ao chegar ao engenho, quase desfalecendo, parecia que procurava o abraço da morte para pôr fim à sua dor. Ao avistar o verde do canavial, sentir o barro massapê sob os pés e a brisa do rio em seu rosto cansado, pensou que estava tendo uma miragem. Chegar àquele lugar trouxe algum alento para sua vida sofrida.

Será possível que algum sentimento em comum brote dentro desses dois corações castigados pelas intempéries da vida? O destino, sempre surpreendente, une almas sem a permissão de ninguém e senta para assistir o que pode acontecer. Da mesma forma, a autora nos convida a puxar uma cadeira, pegar uma fatia de bolo de rolo e uma xícara de café coado e degustar esse conto, que traz um pouco dos aspectos culturais de um povo tão forte, resistente.

A lida nos engenhos de cana de açúcar, o drama dos retirantes e a religiosidade são os elementos escolhidos como bordado para esse conto, que tem a cara do Nordeste, a cara do Brasil.