agnosia: Poesia em tempo de pandemia

O que você faz para manter a sanidade mental? Essa foi a pergunta que eu fiz para todos os meus amigos e conhecidos durante o período incerto da pandemia que todo o planeta viveu em 2020. Este texto, este livro, estes versos, todos foram escritos nesse período. Apesar de que a poesia tem pouquíssima relação clara para quem lê, com esse período. Nesta apresentação, você pode ter notado que eu escrevi como se já tivéssemos passado por esse período. Sou um otimista contumaz. Arrisco dizer que sou um otimista contumaz inclusive no sentido jurídico do termo. Me recuso deliberadamente em desanimar.
O que você lerá nas páginas que seguem é algo que se tornou um vício. Me tornei um viciado em escrever poesia. Adicto convicto. Tenho cold turkey se passo muitos dias sem escrever. Nem sempre foi assim. Na verdade, só recentemente esse fenômeno aconteceu. Te peço que mesmo com essa confissão, não me jogue compulsoriamente numa rehab. Esse vício é saudável. Eu prometo.
Além de viciante, escrever se tornou uma terapia. É a minha resposta para a pergunta que fiz no começo dessa apresentação. É a forma que tenho para manter a minha sanidade. De poder gritar e amplificar meus sentimentos, angústias, lembranças, desejos e o jeito que eu vejo o mundo.
Agnosia vem da leitura do Saramago e da inabalável convicção que tenho de que preciso constantemente aprender algo novo e ao fazer isso, descubro a plêiade que eu inda desconheço. O que se torna um ciclo infindável. Quanto mais ando, mais caminho tem pela frente.
Não se preocupe em tentar entender o que eu quero dizer com os meus versos, a não ser que me conheça pessoalmente. Mas mesmo assim, desde o momento que eu gesto e eles nascem de mim, não são mais meus. Eles são de quem os lê. São seus. Apodere-se. Transforme-os. Traduza o que eu senti, nos seus sentimentos. O que eu vi, na sua visão. O que eu vivi, na sua vida.