Nessa empreitada, ressalta o autor, não houve cooperação nem interdição por parte dos biografados. Fiéis ao estilo AC/DC de ser, eles dedicam a mais solene indiferença ao que se diz ou se escreve sobre o grupo, para o bem ou para o mal. Tanto melhor: quem ganha, no caso, é o leitor.
Sem o inevitável comprometimento que se estabeleceria no caso de participação direta dos biografados, Wall se viu livre para construir um livro que passa longe de ser um relato de fã apaixonado. A partir de entrevistas que ele mesmo fez com membros da banda em diversas ocasiões, depoimentos inéditos de personagens que ajudaram a construir o mito e uma ampla pesquisa sobre tudo o que se publicou a respeito do AC/DC em seus quarenta anos de carreira, o autor extraiu uma narrativa o mais próximo possível da verdade factual.
Entre outras curiosidades, o livro relata a confusão gerada pela escolha do nome do grupo: AC/DC, na época, era gíria para bissexual, o que levou muitos a acharem que se tratava de uma banda gay. Outro episódio dá conta de que o líder Malcolm Young, embora um guitarrista mais talentoso que o irmão, delegou os solos para o então abstêmio Angus Young simplesmente porque queria ficar livre para beber. Mais divertida ainda é a história acerca da ideia de vestir Angus com uniforme escolar: o figurino despertou o personagem do guitar hero ensandecido que domina os palcos há décadas.
A origem escocesa dos irmãos Malcolm e Angus, respectivamente o cérebro e o coração do AC/DC, é evocada para explicar até que ponto a banda age como se fosse um clã. Os laços de sangue falam mais alto — o astro Angus faz o que bem entende, e o poder absoluto está nas mãos do poderoso chefão Malcolm, que decide quem entra e quem sai conforme seu humor. Daí as numerosas brigas e mudanças na formação do grupo, bem como as ainda mais frequentes demissões de empresários.
O autor sublinha, contudo, que os Young, apesar de difíceis, sabem reconhecer o valor dos muitos parceiros agregados ao “núcleo duro” do clã. Como aquele que talvez tenha sido o principal deles, o vocalista Bon Scott, que se definia como o “raio” que, no logotipo da banda, irrompe entre o AC e o DC. Morto em 1980, quando a banda explodia internacionalmente com os sucessos do álbum Highway to Hell, teve seu lugar assumido por Brian Johnson.
Entre triunfos arrasadores e fracassos relativos, Wall explica como a integridade do AC/DC, sua fidelidade às próprias concepções musicais, foi determinante para perenizar a obra no imaginário do público. Nas estimativas do autor, contabilizados os relançamentos e álbuns de coletâneas, desde o final da década de 2000 a banda tomou dos Beatles o posto de catálogo mais vendido nos Estados Unidos. Isso sem falar no legado da influência sobre as gerações seguintes de roqueiros: o grunge Kurt Cobain teria confessado que a primeira música que aprendeu a tocar na guitarra foi “Back in black”, num tributo ao rock sem frescuras do AC/DC.
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): Mick Wall
- ISBN-10: 8525055077
- ISBN-13: 978-8525055071
- ASIN: B00JEMAPZU
- Editora: Globo Livros
- Idioma: Português
- Tamanho: 11284 KB
- Nº de Páginas: 466
- Categoria: Biografias e Histórias Reais
Amostra Grátis do Livro
Faça a leitura online do livro AC/DC – A biografia, escrito por Mick Wall. Esse é um trecho gratuito disponibilizado pela Amazon, e não infringe os direitos do autor nem da editora.