ABAGUARÁ: Um conto licantrópico das terras de Bresail

Imagine que os europeus não concluíram seu domínio sobre os povos nativos das Américas e sua ação colonizadora ficou limitada ao litoral. Imagine que, por motivos desconhecidos, seus navios pararam de chegar no século XVII e todos os que tentaram a travessia de volta para o Velho Mundo jamais retornaram. Comprimidos entre as serras e as ondas do mar, os poucos estrangeiros que ficaram no Novo Mundo ergueram cidades e reinos nessa estreita faixa de terra, enquanto as florestas e campos do interior continuaram ocupados por incontáveis nações indígenas que seguiram seu próprio curso de desenvolvimento. E agora tente imaginar que nesse mundo de contrastes as fronteiras entre o real e o mitológico também são tênues e cambiantes; e enquanto os homens disputam espaço nos campos e povoados, eles convivem, muitas vezes sem perceber, com seres fantásticos que escapam à sua compreensão.

Esta é a “Terra de Bresail”, um vasto continente marcado pelos encontros e confrontos de muitos povos e envolto por brumas de mistério. Em um destes reinos litorâneos, numa noite terrivelmente fria de inverno, um caçador profissional se embrenha na mata para cumprir um contrato para abater o que, como as informações indicavam, devia se tratar de um grande lobo do planalto. Mas essa noite vai lhe ensinar que Bresail ainda guarda perigos imprevistos e criaturas além da sua imaginação.

“Abaguará: um conto licantrópico das Terras de Bresail”, é ambientado em um inverso que reúne o folclore e a mitologia dos indígenas americanos e dos imigrantes europeus. Deuses guerreiros com coroas emplumadas, aparições vingativas, lobisomens, boiúnas, cucas, duendes e mapinguaris, vagam entre as sendas imprecisas que separam o real do sobrenatural.