A vida de Spinoza

Publicada em 1705 em Língua francesa e em 1706 traduzida para a língua inglesa, a Vida de Spinoza é a terceira biografia do filósofo holandês Benedictus de Spinoza (1632-1677). Seu autor, Johannes [Nicolaüs] Köhler (1647-1707) ou em sua versão francesa, Jean Colerus, foi pastor Calvinista que residiu por acaso (ou não?) na mesma hospedaria em que morreu Spinoza. Colerus fez indagações junto aos proprietários – que à época ainda viviam –, além de diversas outras pessoas que conviveram ou conheceram o filósofo. A única explicação que podemos aventar para o fato de Colerus, um pastor Calvinista, tenha pesquisado a vida e tenha uma biografia sobre Spinoza, o “autor anônimo” do Tratado Teológico-Político (TTP), livro que suscitou o mais veemente ódio ao seu autor por parte dos teólogos de então, predominantemente Calvinistas, é a de que Colerus pretendia com sua biografia mostrar o demônio que era Spinoza. No entanto, tal não acontece, pois em sua biografia Colerus consegue somente informações sobre a pacata vida de escritor e de enfermo que levava Spinoza. Mas o mesmo não acontece quando analisa os escritos do filósofo. Seu fanatismo religioso e seu consequente ódio se manifestam claramente, em particular contra o TTP: “É um livro, diz ele, pleno de descobertas curiosas, mas abomináveis, da qual a ciência e as investigações não podem ter sido extraídas senão do inferno. Não há, de modo nenhum, um cristão, ou mesmo um homem de bom senso, que não deva ver tal livro com horror”. (A vida de Spinoza, J. Colerus).