De acordo com a visão corrente na época, as sociedades primitivas seriam desprovidas de uma esfera política por não apresentarem formas de exercício de poder iguais às ocidentais – isto é, as relações hierarquizadas e autoritárias de comando-obediência que normalmente são associadas ao Estado. O autor reivindica uma revolução copérnica que liberte a antropologia desta postura etnocêntrica e possibilite uma interpretação mais ampla das relações de poder, abrindo o caminho para o estudo da política nesses povos. Ao analisar as características da posição do chefe, Clastres defende que a ausência de Estado não é casual. Ao contrário, as sociedades primitivas fazem um esforço ativo de regular as interações do chefe com o grupo, estabelecendo os parâmetros segundo os quais as trocas ocorrerão. Clastres propõe uma inversão da lógica marxista segundo a qual o poder de poucos sobre muitos deriva da desigualdade social; defende, ao contrário, que a desigualdade é uma consequência da atribuição de um poder autoritário a um grupo dominante. Assim, em oposição ao conceito de sociedade sem Estado, ele propõe o de sociedade contra o Estado: sociedades que atuam impedindo a conversão do poder do chefe em autoritarismo.
A coleção Argonautas traça uma linhagem do pensamento antropológico que tem como centro de força o estruturalismo de Claude Lévi-Strauss.
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): Pierre Clastres
- Tamanho: 2184 KB
- Nº de Páginas: 267
- Editora: Ubu
- Categoria: Filosofia
Amostra Grátis do Livro
Faça a leitura online do livro A sociedade contra o Estado, escrito por Pierre Clastres. Esse é um trecho gratuito disponibilizado pela Amazon, e não infringe os direitos do autor nem da editora.