A Sede do Fogo: A Crônica dos Dez Caminhos – Volume 2

Mirou o avatar do vento de cima a baixo.

Os pelos brancos e longos casavam com os escritos. O cansaço no semblante parecia além da conta. Seus olhos não eram vermelhos como as lendas, nem escorria sangue dos lábios. A postura era encurvada como os postes das ruas que seguravam as lamparinas… corcunda feito camelo. Somando isso à grotesca diferença de altura entre os dois, a anciã precisaria esticar o pescoço mais do que estava disposta a fazer para terem uma conversa olhando nos olhos.

Chamou o vento e pediu que a elevasse ainda mais do chão. Prontamente, ele obedeceu. Ela se afastou do solo até que os olhos se alinhassem aos do homem e ali ficou, pairando em pleno ar.

O mau hálito de boca que não via hortelã fazia quase uma década foi de revirar as tripas. A pele suja com os ossos evidentes apenas serviu para aditar as descrições dos livros. O conjunto retratava uma figura ainda mais aterrorizante que os escribas haviam conseguido desenhar na mente dos ledores. Em seu rosto, a morte respirava na forma de vento.