BAMBINO!
ERA UMA VEZ UM MENINO
Tão forte que “dobrava” uma esquina, e com a “linha” do horizonte remendava os rasgos do passado, mas era com a linha do tempo que tecia seu futuro. Enchia a Lua e acendia cada estrela, todo santo dia. Não era santo, talvez um anjo, perdido, dividido, como todo mundo, ora no trilho do bem, ora no trem do mal. Um andarilho, um pobre menino deslumbrado com as vitrines de grife. Seu destino era o mundo, tocava vários instrumentos, mas sua preferência era tocar a Vida, tocar em frente. Na noite calada declamava poesia, para as sombras voláteis, prisioneiras da rua. Sempre cobria a sua verdade, para que não se apresentasse nua, e também lhe deitava fervura, para que não se apresentasse crua. Na corda era bamba,no coração e nos pés era samba,ginga flexível feito mola, ora se esticando todo, feito goleiro bom defendendo o gol sagrado da bola, ora se recolhendo, se encolhendo,se contorcendo e sumindo, virando incógnito num mar de gente infeliz. Também era bom na bola da vida, posto que driblara a morte. Estando em sua beira, por puro bom senso ou proteção divina, resolveu recuar. Era sempre um aprendiz, um neófito, talvez um cavaleiro Jedai sem espada, um apóstolo desgarrado do mestre, querendo engolir sempre mais do que podia digerir. Ninguém lhe deu uma mão, no máximo recebeu um tapa, um empurrão, ou só por farra um par de luvas poídas, para segurar a barra, sabe? Até que um dia…, bem esta é outra história. O tempo não lhe envelhecia, porque vencia cada batalha, cada hora do dia se ocupando em não oferecer resistência, apenas se deixando levar. E o tempo passava, sem percebê-lo, sem notá-lo. Seguia o vento, ora prá cá, ora prá lá. -Ora-pro-nobis minha senhora! , repetia sem parar no altar da igrejinha imaginária. Porque muitas vezes, flagelado pela fome e pelo frio, se compadecia não de si, mas de dó, dos outros do lado de lá, que nem o Sol conheciam. Sabia que a diferença entre a bomba e a pomba era apenas um “b”, e a diferença entre a vida e a morte apenas um “se”. Cresceu rápido, como um eucalipto, mas não tinha os pés de fruta para se alimentar, nem de caqui, nem de mamão, tinha os pés de vento, seu aliado quando queria voar, quando queria voltar para a mãe que não teve, para o pai desconhecido. Mas era só uma ilusão . Até que um dia….,deixa pra lá. Poderia ter sido um bandido, perdido entre tiros, mas preferiu continuar sendo um menino perdido entre balas, e sorvetes, entre bolas e enfeites, como toda criança deveria se achar. Porem vencido pela adolescência, pela ausência de um lar, resolveu se aposentar, de agora em diante não seria mais um cigano replicante, queria se soltar, se prender a alguma coisa maior. Maior que o céu, maior que o mar. E então um belo dia, desses que a chuva passa longe, e o vento não assovia, e só reinam absolutos: o azul do céu, sem nuvem alguma, e o laranja do Sol colorindo ameno toda vida, ele resolveu se apaixonar. Se escolheu certo ou errado não se tem notícia, mas pelo que consta no cerne da questão crucial, sem esse sentimento experimentado, sorvido, entalado, ninguém poderá dizer uma única vez, que aprendeu o que é a Vida, sem amar. Então esse nosso menino, que do sofrimento fez uma partitura, pode finalmente tocar, a sua música mais bela, mais terna, e deixar para o mundo um legado: “ninguém é um pobre coitado, salvo aquele, que não permitiu se deixar amar”. E de varanda em varanda,de vento em popa, de galho em galho, ele continuou a pular, continuou a procurar a sua musa,sua fada, a sua ninfa tão peculiar.E a achando se perdeu, no ponto cego do ego desfaleceu, virou sapo untanha e adormeceu. Mas uma bela princesa, dessas de olhos verdes ou azuis, uma noite o encontrou, e com um beijo doce o despertou. E para terminar a sua trajetória, cheia de luta, cheia de glória, e de uma forma inédita, para terminar essa história, só resta dizer que: “Foram felizes para sempre”.Até que um dia…,
ERA UMA VEZ UM MENINO
Tão forte que “dobrava” uma esquina, e com a “linha” do horizonte remendava os rasgos do passado, mas era com a linha do tempo que tecia seu futuro. Enchia a Lua e acendia cada estrela, todo santo dia. Não era santo, talvez um anjo, perdido, dividido, como todo mundo, ora no trilho do bem, ora no trem do mal. Um andarilho, um pobre menino deslumbrado com as vitrines de grife. Seu destino era o mundo, tocava vários instrumentos, mas sua preferência era tocar a Vida, tocar em frente. Na noite calada declamava poesia, para as sombras voláteis, prisioneiras da rua. Sempre cobria a sua verdade, para que não se apresentasse nua, e também lhe deitava fervura, para que não se apresentasse crua. Na corda era bamba,no coração e nos pés era samba,ginga flexível feito mola, ora se esticando todo, feito goleiro bom defendendo o gol sagrado da bola, ora se recolhendo, se encolhendo,se contorcendo e sumindo, virando incógnito num mar de gente infeliz. Também era bom na bola da vida, posto que driblara a morte. Estando em sua beira, por puro bom senso ou proteção divina, resolveu recuar. Era sempre um aprendiz, um neófito, talvez um cavaleiro Jedai sem espada, um apóstolo desgarrado do mestre, querendo engolir sempre mais do que podia digerir. Ninguém lhe deu uma mão, no máximo recebeu um tapa, um empurrão, ou só por farra um par de luvas poídas, para segurar a barra, sabe? Até que um dia…, bem esta é outra história. O tempo não lhe envelhecia, porque vencia cada batalha, cada hora do dia se ocupando em não oferecer resistência, apenas se deixando levar. E o tempo passava, sem percebê-lo, sem notá-lo. Seguia o vento, ora prá cá, ora prá lá. -Ora-pro-nobis minha senhora! , repetia sem parar no altar da igrejinha imaginária. Porque muitas vezes, flagelado pela fome e pelo frio, se compadecia não de si, mas de dó, dos outros do lado de lá, que nem o Sol conheciam. Sabia que a diferença entre a bomba e a pomba era apenas um “b”, e a diferença entre a vida e a morte apenas um “se”. Cresceu rápido, como um eucalipto, mas não tinha os pés de fruta para se alimentar, nem de caqui, nem de mamão, tinha os pés de vento, seu aliado quando queria voar, quando queria voltar para a mãe que não teve, para o pai desconhecido. Mas era só uma ilusão . Até que um dia….,deixa pra lá. Poderia ter sido um bandido, perdido entre tiros, mas preferiu continuar sendo um menino perdido entre balas, e sorvetes, entre bolas e enfeites, como toda criança deveria se achar. Porem vencido pela adolescência, pela ausência de um lar, resolveu se aposentar, de agora em diante não seria mais um cigano replicante, queria se soltar, se prender a alguma coisa maior. Maior que o céu, maior que o mar. E então um belo dia, desses que a chuva passa longe, e o vento não assovia, e só reinam absolutos: o azul do céu, sem nuvem alguma, e o laranja do Sol colorindo ameno toda vida, ele resolveu se apaixonar. Se escolheu certo ou errado não se tem notícia, mas pelo que consta no cerne da questão crucial, sem esse sentimento experimentado, sorvido, entalado, ninguém poderá dizer uma única vez, que aprendeu o que é a Vida, sem amar. Então esse nosso menino, que do sofrimento fez uma partitura, pode finalmente tocar, a sua música mais bela, mais terna, e deixar para o mundo um legado: “ninguém é um pobre coitado, salvo aquele, que não permitiu se deixar amar”. E de varanda em varanda,de vento em popa, de galho em galho, ele continuou a pular, continuou a procurar a sua musa,sua fada, a sua ninfa tão peculiar.E a achando se perdeu, no ponto cego do ego desfaleceu, virou sapo untanha e adormeceu. Mas uma bela princesa, dessas de olhos verdes ou azuis, uma noite o encontrou, e com um beijo doce o despertou. E para terminar a sua trajetória, cheia de luta, cheia de glória, e de uma forma inédita, para terminar essa história, só resta dizer que: “Foram felizes para sempre”.Até que um dia…,
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): PEDRO CAIEIRO
- ISBN-10: 1973107686
- ISBN-13: 978-1973107682
- ASIN: B076L15CVD
- Idioma: Português
- Tamanho: 722 KB
- Nº de Páginas: 177
- Categoria: Romance
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