A RONDA DA MADRUGADA: Uma história dos anos oitenta

A tríade de erros a evitar, na geometria da vida, são os protagonistas de A Ronda da Madrugada. Há mentes quadradase círculos viciosos, como em qualquer livro que se preze, mas o amor de Max Jr. por Anna, e desta por Cristiano, foge ao script dos triângulos amorosos tradicionais. Max é pobre, Anna rica e profundamente envolvida com alguém sem escrúpulos, mas o clichê fica por aí. A começar porque toda a trama se desenrola nos inesquecíveis anos oitenta, em meio a orelhões verde-abacate, reuniões dançantes e fliperamas.

Para a moçada de hoje, A Ronda da Madrugada parecerá em alguns momentos como romance histórico, tão grande o voo tecnológico desde a época pré-digital. No entanto, as grandes questões que nos afligem atualmente, das fake news ao consumismo desenfreado, da vaidade extrema ao bullying radical, estão plasmadas na breve história que aborda também tráfico de drogas e perda da inocência, circunstância presente em todos os romances de formação. Para os pais que viveram seus verdes anos na época em que os brasileiros foram às ruas pelas Diretas Já, ao ritmo de U-2 e Legião Urbana, o livro será uma recordação pungente, para o bem ou para o mal, de uma década que não acabou.

Foram anos que vibram na memória dos que os viveram, e povoam o imaginário dos que vieram depois.
Nunca haverá, novamente, uma década como aquela.

( Marcel Citro é autor de Travessia, livro de contos ganhador do prêmio Açorianos de Criação Literária 2010, e de Outonos de Fogo, romance histórico vencedor do prêmio “Livro do Ano” 2013, da Associação Gaúcha de Escritores-AGES)
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