O autor deu-lhe como subtítulo, a agora célebre frase ”sobre a nudez forte da verdade – o manto diáfano da fantasia”. A obra é influenciada pela Vida de Jesus e São Paulo, ambas de Ernest Renan, e pelas Memorias de Judas, de Ferdinando Petruccelli della Gattina.
Eça de Queiroz participou das Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, realizadas por intelectuais portugueses como Antero de Quental, Ramalho Ortigão e Oliveira Martins, a partir de março de 1871. A produção artística e intelectual fruto dessa série de reuniões deu origem à chamada “Geração de 70”, que tinha como um dos principais objetivos criticar a realidade portuguesa que, para eles, era considerada decadente em vários aspectos, se comparada com a realidade de outros países europeus no contexto do século XIX.
A obra de Quental, “Causas da decadência dos Povos Peninsulares nos últimos três séculos”, propõe o Catolicismo difundido após o Concílio de Trento, a monarquia absolutista e as conquistas ultramarinas como os três principais motivos causadores da decadência moral, econômica e social das nações ibéricas; responsáveis pelo atraso do desenvolvimento da indústria e da ciência na península, a partir do século XVII.[3] Entre as opiniões realizadas pelo grupo envolvido na “Geração de 70”, a critica religiosa foi uma das que ganhou destaque, sobretudo o anticlericalismo.[3]
Em A Relíquia, Eça de Queiroz apresenta um desejo de realizar um “inquérito à vida portuguesa”, uma “crítica ácida e ferina direcionada, especialmente, à questionável influência da Igreja na sociedade e às práticas e crenças religiosas consideradas nefastas para o povo”. Para o Professor de Literatura Portuguesa da Universidade Federal do Paraná Antonio Augusto Nery, a obra demonstra “toda a intensidade da crise religiosa e da tendência anticlerical que predominou no Oitocentos e da qual a Geração de 70 foi difusora.”[3]
Influências
Se tivermos a conta a opinião de alguns críticos queirosianos (nomeadamente: Alberto Machado da Rosa; Ernesto Guerra da Cal; e Manoel da Costa Fontes), poderemos afirmar algo em que os três foram unânimes – que A Relíquia pode ser lida, analisada, considerada uma narrativa picaresca.
Apesar de o próprio Eça não se referir diretamente a este romance como picaresco, observa-se, no entanto, que o escritor português provavelmente leu as narrativas clássicas espanholas do séc. XVI para compor o seu romance, pois, de acordo com Alberto Machado da Rosa, Eça de Queirós “conhecia o Lazarilho, pelo menos, desde os remotos tempos de Évora, e apreciava muito o Gil Blas de Lesage, expressão francesa da mais autêntica tradição da picaresca espanhola” (1963, p. 208).”
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): Eça de Queiroz
- ISBN-10: 1437489540
- ISBN-13: 978-1437489545
- ASIN: B08VGZF5V2
- Idioma: Português
- Tamanho: 936 KB
- Nº de Páginas: 310
- Categoria: Literatura e Ficção
Amostra Grátis do Livro
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