A Realidade Imutável: Brazilian Science Fiction

Para cada realidade compartilhada, que se transforma o tempo todo, existe uma outra, inalterável.

A Realidade Imutável é uma novela futurista ambientada em Cape Town, capital sul-africana, finalista do prêmio Coerência de Literatura e publicada de forma independente com a Editora Villa-Lobos.

Com uma ambientação pesada, quase remetendo a um distópico invernal, Dêner B. Lopes traz em destaque os conceitos de realidades paralelas, viagem no tempo e imersão em um Metaverso já estabelecido, onde grande parte da população desfruta de seu tempo livre no presente em um jogo de mundo aberto conhecido como Terra.

Através de um capacete e ondas sonoras, os jogadores são transportados para o mundo virtual incorporando a realidade de seus avatares.

“Terra é nosso entretenimento. Seus programas de tevê e rádio são mais engraçados e suas redes sociais e smartphones, viciantes para quem curte um estilo clássico-tecnológico. O jogo, que segue um estilo viagem-no-tempo-sem-viagem-no-tempo, se limita somente aos acontecimentos que de fato aconteceram na Terra (uma representação fiel do passado) …“

Ned vive com a mãe Mia no presente (século 24), e sozinho em Terra, no ano de 2019, na pele de seu avatar Edgar, que apesar da vida simples de um jovem trabalhador de shopping, também vive seus dilemas, e vem escrevendo um livro secreto.

“(…) um estalo em minha mente nasceu: e se eu escrevesse a verdade em ficção para essa realidade falsa, mas bem arquitetada da qual estava?… “

Certa noite de ócio, com o desejo de viver a presença de seu mundo primeiro, Ned resolve passear a esmo pelas ruas e se depara com Zifa, um colega de escola.

“Ele me olha por alguns segundos, talvez evitando uma despedida, hesita o mesmo tempo e finaliza com timidez: ‘Eu estou indo para o Te’-Cave, na festa de uma amiga. Até me deixaram levar algum amigo e…’, ele sorriu sem emoção. ‘Não queria ir sozinho.’

Minha primeira reação é agradecer e recusar o convite, mas de uma maneira quase pessoal Zifa insiste. Sem saber exatamente a razão, mudo de ideia e entro na Bombardier, que tem o outro banco defronte vago.

Te-Cave é um bairro subterrâneo que tem como entrada uma rotatória quase perfeita a oeste, seguida de um grande e extenso túnel reto em constante declínio. Não é um lugar sem saída, sua construção se iniciou abaixo da Grande Montanha, e sua outra extremidade acaba em alguma parte do Reservatório Silvermine (um grande lago no meio da formação montanhosa e plana.) Dizem se tratar de uma parte baixa da cidade, que se complementa à própria menção; suja, pervertida, submundana (…)“

Durante essa festa na boate, um choque cara a cara com seu próprio avatar alterará todas as suas estruturas físicas e psicológicas, e mudará para sempre o destino da sua realidade.

“Meus olhos se comprimem para suas costas, e logo em seguida os volto ao normal, comprovativos.

Aquele ali é o Edgar.”

E se toda realidade que te cerca não passasse de um jogo? Uma simulação criada por uma tecnologia futurista tão avançada a ponto de criar um mundo dentro de outro?

E se, através de um capacete, você pudesse fechar os olhos no presente e abri-los no passado, em um outro tempo e realidade, vivendo uma vida completamente diferente?

Conheça um novo mundo.
O tudo e o nada.
Bem-vindo ao Terra.

Welcome to your new reality.
From now, Forever.