A QUESTÃO DO GÊNERO II: performance, drag queens e os indícios da subversão possível

O universo drag queen é composto por centenas de nuanças. São roupas extravagantes, high couture, adereço brilhosos, gliter, maquiagem, glamour. As drag queens variam de acordo com seu estilo. Algumas são mais femininas, outras mais conceituais, umas até usam barba. É sobre essas últimas que esse estudo vai investigar. O objetivo é desbravar a realidade que envolve as drag queens barbadas, seu processo de montagem, sua percepção sobre si e sobre as outras drag queens nos espaços de homossociabilidade da cidade de Fortaleza-CE. Dentro desse contexto, entender os significados que estão envoltos no símbolo da barba inserido no universo drag queen e suas repercussões a nível social. Para isso usou-se a inserção no campo através da observação assimétrica, entrevista semiestruturada registrada através de gravador de voz, e observação participante registrada através de diário de campo. A pesquisa passou por momentos de experimentação e vivências junto ao campo e as pessoas pesquisadas. Os desdobramentos da pesquisa estão publicados em três volumes, sendo esse o segundo. O estudo concluiu que a drag queen barbada, assim como a drag queen de uma maneira geral, apresenta uma performance dissidente daquilo socialmente esperado dos “homens” e “mulheres”. Elas contribuem para descontruir e minar os campos de legitimação de gênero e sexualidade heterossexuais e hegemônicos. A drag barbada aprofunda a ambiguidade já presente na drag queen e potencializa o impacto de uma performance subversiva.