Quando Vesta chega a Lisboa com a sua máquina fotográfica, não imagina que aquela última oportunidade — montar uma exposição, descobrir a cidade — a colocará diante do seu passado. Quira tinha sido a luz que ela tentou apagar. A sensualidade selvagem, a promessa de liberdade, a ferida que nunca quis admitir. Num bar escondido entre as ruelas de Alfama, Vesta reencontra-a: mais bonita do que a memória, mais frágil do que a imaginação. Vesta percebe que a dor não é um obstáculo, mas um espelho: ela, que calou o próprio corpo, que deixou a língua morrer na garganta, que acreditou que o « frio » era a única alternativa à destruição. Agora entende que não é fria: está à espera. Quira convida-a para Nápoles — a cidade que partilham, o mar que nunca enfrentaram juntas — e ali, entre fotografias que tremem e ondas que gritam, descobrem que a paixão pode ser cuidado, a dependência pode tornar-se escolha, e o corpo pode tornar-se língua-mãe. Mas para ser realmente ela mesma, para ser « minha », Vesta precisa sabotar a alegria que lhe foi negada, aceitar o que foi e o que pode ser. Nesse processo, Quira não é antagonista nem salvadora: é espelho e desafio. No fim, numa sala iluminada por luz branca e memória, Vesta posiciona a última fotografia. O título surge na parede: « Tornei-te fria ». Mas ela enfim respira e murmura: « Não me tornaste fria. Tornaste-me minha. » Uma viagem entre carne e linguagem, arte e renascimento, amor e autodeterminação. Uma história sáfica de duas mulheres que se reencontram, se perdem e se escolhem.
Características do eBook
- Autor(a): Belinda Blanchett
- Categoria: Romance
Amostra Grátis do Livro
Faça a leitura online do livro A quem me tornou fria, escrito por Belinda Blanchett. Esse é um trecho gratuito disponibilizado pela Amazon, e não infringe os direitos do autor nem da editora.



