À Meia–Noite

Um. Dois.

Os olhares permanecem fixos e acompanham toda sua trajetória. Ele está ali. Não olhe, respire fundo, continue a andar. Talvez ele não perceba, mas se não perceber, nós estamos aqui. Olhos por todos os cantos, o cheiro pútrido te convida a ir embora bem rápido. Mas o olhar dele continua em você.

Três. Quatro.

Quando ele te notar é necessário fugir ou manter-se firme? Quando os barulhos que circundam uma metrópole se calam e as luzes não mais iluminam o caminho seguro, você corre ou mantém-se impassível? Quando seu olhar te encontrar através da escuridão, em meio às sombras, nem mesmo esconder será uma opção.

Cinco. Seis. Tarde demais, ele te encontrou.

A lua ocupa o lugar mais alto no céu. Meia-noite. O relógio bate. Meia-Noite. As sombras se aproximam, a diversão começará porque ele está logo ali e te observa. Tique-taque, o tempo acabou, o destino te reencontra.

Entenda o porquê da meia-noite ser o horário mais temido de São Paulo.

P.S.: A autora não se responsabiliza por eventos causados após a leitura desse conto.