A manifestação de Cronos em 35 mm: Um estudo sobre a categoria de tempo no cinema

“O tempo no cinema foi e sempre será um tema que desperta paixões e polêmicas. O tempo é a alma de um filme, é aquilo que suscita reflexões e dá a autonomia para que a linguagem cinematográfica se solidifique cada vez mais, apostando em uma direção única e criativa. No cinema, o tempo manipulado é um tempo transformado. É um tempo em que se percebe algo até então fugidio em nossa própria existência. Por meio do cinema é que passamos a dar valor ao nosso próprio tempo mediante o olhar sobre aquele tempo dos outros, ali representados na película fílmica, tempo este que conduz, reconduz, conserta, desconserta, constrói ou destrói tudo. O tempo no cinema é a tentativa demiúrgica de modelar e organizar os acontecimentos caóticos que se acotovelam no tempo mundano que nos acomete com sua insistência inexorável. Como arte do tempo, o cinema continua e continuará a nos surpreender, e compreender o processo da construção dos enunciados fílmicos não tem por mérito reduzir uma obra a um simples objeto de análise, mas perceber que o efeito de sentido que nos arrebata em determinado filme foi, antes de tudo, arquitetado por um enunciador que teve, como meta fundamental, a manipulação do tempo, ou de vários tempos, para produzir certos efeitos de sentido que nos atingem por completo. Esse é um dos grandes truques da sétima arte” (Odair José Moreira da Silva – Apresentação)

“Este livro, por seu rigor teórico, por sua abrangência no tratamento da temporalização, por sua abundante exemplificação, por suas finas análises, revela um autor que conhece profundamente a arte cinematográfica e é apaixonado por ela. Ele convida-nos à aventura de percorrer todos os procedimentos da temporalização no cinema, para compreender o papel que tem essa categoria enunciativa na configuração do discurso fílmico. É um livro indispensável não apenas para os estudiosos do cinema, mas também para todos aqueles que pretendem compreender o papel do tempo nas diferentes linguagens, pois ilumina a discursivização da temporalidade nas narrativas manifestadas por qualquer plano de expressão” (José Luiz Fiorin – Prefácio).