A mãe e a psicóloga: Dois olhares sobre a experiência de adoção de uma ”criança problema”, a luz das teorias e metodologias de Reuven Feuerstein

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Este livro é fruto de um autêntico encontro de experiências acadêmicas e pessoais que almeja atingir aqueles que buscam compreender melhor aquelas crianças socialmente rotuladas como problemáticas ou “sem jeito”, entendendo as causas profundas de seus comportamentos para encontrar as melhores formas de ajudá-las a desenvolverem seus potenciais latentes.

Ele é resultado da reunião de duas óticas diversas, mas complementares, a respeito da experiência de adoção: a de Letícia, como mãe e pesquisadora do tema, e a de Márcia, psicóloga e psicopedagoga, especializada no atendimento de crianças com dificuldades de aprendizagem. As duas se conheceram no curso de Pós-Graduação “Intervenção Cognitiva e Aprendizagem Mediada”, que tem por base as teorias e metodologias do psicólogo romeno Reuven Feuerstein e uniram-se por conta das necessidades prementes surgidas do processo de adoção em que Letícia e seu marido se embrenharam. No final de 2014, após apenas uma semana no Cadastro Nacional de Adoção, conheceram os três irmãos, então com dez, oito e cinco anos, que viriam a ser seus filhos. As crianças foram recebidas já no final do curso e as dificuldades do período de adaptação se impuseram, impedindo que Leticia desse início ao processo de escrita do artigo de final de curso, necessário para a conclusão do mesmo. Ao mesmo tempo, por conta destas mesmas dificuldades, Márcia se propôs a realizar uma avaliação com o filho mais velho – que, para uma maior proteção de sua privacidade, será aqui identificado como Daniel – e, logo em seguida, iniciou com ele um programa de intervenção, ambos baseados nas teorias de Feuerstein.A necessidade de realizar o artigo se manteve para ambas e em certo momento concluíram que a experiência com Daniel, vista de duas perspectivas complementares – da mãe pesquisadora e da psicóloga e psicopedagoga – poderia ser rica e contribuir de alguma forma, tanto para esclarecer com dados mais qualitativos experiências de adoção de crianças maiores, quanto para divulgar uma obra tão valiosa quanto a de Feuerstein.