Ao nauta que do mar tempestuoso Vem dos baldões asperrimos cansado, Tu te mostras, ó ilha feiticeira, Como, depois de somno fadigoso De horriveis pezadellos, Um dia delicioso, Todo alegria e festa e raios bellos, Um claro dia pelo sol doirado. Se isto é hoje d’est’arte, O que seria d’antes, Quando te desvendaste a vez primeira Da nevoa e do mysterio em grande parte Á vista dos pasmados navegantes! Que, não bastando ainda estar perdida No meio do oceano, Por seculos dos homens escondida Em recondito arcano, Tu, qual donzella candida e medrosa, Que do banho sahisse, E a nudez, vergonhosa, De alvo cendal cobrisse, Em manto de neblina te embuçavas: E até do mar, que ás plantas te gemia, E até do proprio sol, que te queria, A virgem formosura recatavas. Porêm chegou o dia Pelo Eterno marcado, Em que, apezar d’esquiva, Te rendeste captiva Do sol da nossa gloria á viva chamma, Ao generoso brado Do grande Henrique de perpetua fama, Quando, assim como do Sinai o monte, Sagres de raios coroou a fronte, E, desmedido pharo, Ao marinheiro ignaro Fez dissipar as trevas do horizonte. Pandas as brancas velas, Atravessadas pela cruz de Christo, Eis no liquido argento As fortes, portuguezas caravellas Correm ao sopro do inconstante vento.
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): José Ramos Coelho
- ASIN: B00CUKU6D4
- Editora: Library of Alexandria
- Idioma: Português
- Tamanho: 302 KB
- Nº de Páginas: 5
- Categoria: História
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