A Filosofia do Sistema Econômico Capitalista SobreAs Cidades e Os Cidadãos

Há muita preocupação, por parte dos homens economistas, trajando suas camisas de tecido branco puro e alfaiataria impecável, quanto ao sistema econômico e suas crises, mas pouca ou nenhuma atenção tem sido dada, por esses mesmos homens polidos e distintos, à fome das crianças nos países sub-desenvolvidos ou à tristeza do trabalhador escravo do capital nos centros urbanos das grandes cidades de países em desenvolvimento. Só recentemente nosso país deixou de ser uma vasta terra com suas muitas regiões de extrema pobreza ou calamidade, os bolsões de miséria já não existem mais, entretanto o abismo da desigualdade social aumenta mais a cada dia. Apesar dos problemas atuais, e mesmo sem a previsão da revolução política, do retrocesso científico e acadêmico imposto pelas políticas atuais, da precariedade e ausência de leis trabalhistas humanas, ainda assim devemos ter esperança nos dias vindouros. Talvez o legado mais importante deixado pelo educador brasileiro Paulo Freire seja o de que não apenas estamos no mundo como o transformamos com nossas ações, conscientes e intencionais, na luta por um país menos desigual, ou simplesmente pelo fato de aceitar as coisas do mundo como tal, destituídos de nossa autonomia transformadora. A ideia de gênio, estrela, astro, craque, e tantos outros títulos, na verdade é apenas uma falsa concepção de origem capitalista. Estes termos legitimam a ideia de que muitos são pessoas comuns que nada têm a oferecer ao mundo além de sua força de trabalho, sujeitando-se assim ao trabalho alienante e escravo, produzindo e mantendo o lucro das empresas. O sistema econômico capitalista atrasa o desenvolvimento científico, tecnológico e econômico dos países em detrimento de uma minoria, a assim chamada elite, a classe social rica e abastada de cada nação. O capitalismo atrasa o desenvolvimento social e humano do mundo, isso tudo quando este também não nos coloca à beira da autodestruição. Um governo socialista e a intervenção do Estado se faz necessária justamente por sermos individualistas. É preciso instituir um governo que garanta os direitos básicos à toda população. O dinheiro arrecadado com tais serviços estatais ainda pode ser destinado ao ensino superior, à pesquisa, à ciência e tecnologia locais. Embora a política pública brasileira esteja muito aquém de tais feitos, a perseguir tais ideias para o bem comum, ainda há uma pequena esperança por conta do sistema político democrático e seus partidos de esquerda. Lei primeira do capitalismo: poucos com muito, muitos com pouco. Lei segunda do capitalismo: a escravidão do todo e não a cooperação das partes. Na história da humanidade o capitalismo econômico tem sido sua mão esquerda, naquilo que tange à nossa evolução. O escravo da Antiguidade deu lugar ao camponês feudal da Idade Média e recentemente se apresenta como o trabalhador assalariado. Mesmo diante de tantos problemas sociais sinto-me muitas vezes maravilhado diante de cenas do cotidiano; do amanhecer e dos pequenos pombos cinzentos banhando-se em poças de chuva, do entardecer e da luz rósea sobre as casas amontoadas dos subúrbios, dos garotos pobres e suas roupas surradas, dos cachorros grandes e pequenos que me cumprimentam e das crianças pequenas e seus olhos curiosos. Mesmo diante de tantos problemas, as pessoas parecem inclinadas a darem um pouquinho de si em prol de um mundo melhor, de uma cidade mais humana. Não é este um livro técnico escrito por um especialista; destino este texto ao público em geral como apenas uma obra de reflexão sobre a vida na contemporaneidade e o futuro desta. Eu simplesmente havia me debruçado sobre os livros e analisado nossa atual condição. Hoje, diria Theo Van Gogh, vejo que grande parte dos problemas de convivência, entre mim e meu irmão mais novo, eram na verdade problemas impostos pelo capitalismo, pela obrigação de vivermos juntos, sob o mesmo teto.