A Estação das Pedras

Enquanto a Primeira Guerra Mundial assola as nações da Europa, a cidade de Rio Grande, no extremo sul do Brasil, vive sua Belle Époque e anseia pela inauguração dos molhes da barra e pela comemoração dos 25 anos do requintado Hotel Casino. Idealizada por D. Pedro II quatro décadas antes, a obra dos molhes representa o domínio da tão temida “barra diabólica”. Para celebrar o aniversário do Hotel Casino, organiza-se uma programação sofisticada para que a elite da região, composta majoritariamente por imigrantes europeus, comemore um progresso livre de conflitos, o que se mostra inviável ao longo da trama.
Camilo foi trabalhar no hotel com o intuito de escapar da vida rural levada por sua família na Vila da Quinta. Seu ex-colega de colégio, o português Vicente, desde criança revela um dom especial para a fotografia, o que lhe permite transitar tanto pela alta sociedade como pela classe operária. Chegado à cidade envolto em um ar de mistério e acompanhado por um enorme cinematógrafo, o italiano Angelo organiza sessões de cinema no Cine Victol.
Aos poucos, os destinos de Camilo, Vicente e Angelo vão se cruzando, à medida que eles se evolvem com os trabalhadores da fábrica Rheingantz, da pedreira do Capão do Leão e do Hotel Casino. A fotografia de Vicente e o cinema de Angelo legitimam o que a alta sociedade rio-grandina julga digno de registro. Por outro lado, os amigos percebem que têm, em suas mãos, instrumentos poderosos de captação da realidade. Só que, assim como eles, as forças armadas e a repressão policial também têm consciência disso.