A criminalização dos entorpecentes

Uma analise dos discursos que sustentaram o processo de transformação das drogas em um problema social no Brasil. Sua hipótese principal é que o processo de proibição do comércio de drogas no Brasil seguiu o modelo internacional proibicionista, de inspiração norte-americana, caracterizado pela interferência do Estado na assistência social, pelo monopólio da prática curativa por uma medicina corporativista e pelo desenvolvimento de novas formas de controle dos grupos sociais indesejáveis. A institucionalização do proibicionismo no Brasil apresenta particularidades em função da situação periférica do país e da distribuição diferenciada do consumo de drogas entre os grupos sociais. O resultado da implementação da política proibicionista das drogas no Brasil foi o aumento da repressão aos grupos marginalizados, em especial as comunidades faveladas. Esta repressão está relacionada ao predomínio da maconha como “droga nacional”. A história da maconha está diretamente associada à presença dos africanos escravizados que foram trazidos para o país e serão os descendentes destes que sofrerão as maiores perseguições por conta do problema social das drogas, o que revela a matriz racista do proibicionismo no Brasil.