A capacidade cognitiva da instantaneidade: O olhar cénico de Hogrebe e a tradição do coup d’œil (YMAGO ensaios breves (2015) Livro 6)
Por Horst Bredekamp Na percepção imediata, o quadro cénico e a compressão temporal compreendem uma configuração do espaço e do movimento tão rápida quanto fulminante. Se as coisas são percebidas de forma veloz é porque a mente que vê tem previamente uma ideia do seu enquadramento espacial, semântico e conceptual. A linha cognitiva da instantaneidade estabelece a interação e a reciprocidade entre a experiência visual e a consciência.
O olhar opera, pois, enquanto átrio do conhecimento, e processo de conhecimento cénico, como lugar de captação e de restituição de imagens, e, reciprocamente, de conhecimento. Na gravura de Ledoux, Coup d’œil du théâtre de Besançon, o olho é uma poderosa metáfora teatral e o dispositivo imaginal de uma teoria cognitiva cénica. Também em Leonardo, a essência do coup d’œil traduz a acção instantânea, e simultânea, do ato de ver e conhecer. E é nas teorias da pintura de De Piles e de Coypel que se promove esse momento crucial através do qual se constrói a percepção instantânea e pré-lógica de todo o quadro. Por isso, Leibniz compreende o Altas de Imagens através desse «olhar intuitivamente interveniente que, à primeira, é capaz de abranger já perfeitamente o todo».
Mas se o coup d’œil foi fértil no campo da encenação teatral e da composição pictural, o seu interesse também se deslocou para outros âmbitos. Na arte da guerra, a dialética do coup d’œil refere-se a um olhar calculado, discriminatório, capaz de fundamentar as mais difíceis decisões, mas, também, como em Clausewitz ou nas recentes teorias militares, como um gesto que está para além de uma mera decisão mecânica, correspondendo a uma efetiva capacidade intuitiva e artística.
O olhar opera, pois, enquanto átrio do conhecimento, e processo de conhecimento cénico, como lugar de captação e de restituição de imagens, e, reciprocamente, de conhecimento. Na gravura de Ledoux, Coup d’œil du théâtre de Besançon, o olho é uma poderosa metáfora teatral e o dispositivo imaginal de uma teoria cognitiva cénica. Também em Leonardo, a essência do coup d’œil traduz a acção instantânea, e simultânea, do ato de ver e conhecer. E é nas teorias da pintura de De Piles e de Coypel que se promove esse momento crucial através do qual se constrói a percepção instantânea e pré-lógica de todo o quadro. Por isso, Leibniz compreende o Altas de Imagens através desse «olhar intuitivamente interveniente que, à primeira, é capaz de abranger já perfeitamente o todo».
Mas se o coup d’œil foi fértil no campo da encenação teatral e da composição pictural, o seu interesse também se deslocou para outros âmbitos. Na arte da guerra, a dialética do coup d’œil refere-se a um olhar calculado, discriminatório, capaz de fundamentar as mais difíceis decisões, mas, também, como em Clausewitz ou nas recentes teorias militares, como um gesto que está para além de uma mera decisão mecânica, correspondendo a uma efetiva capacidade intuitiva e artística.
Características do eBook
Aqui estão algumas informações técnicas sobre este eBook:
- Autor(a): Horst Bredekamp
- Tamanho: 2264 KB
- Nº de Páginas: 37
- Editora: KKYM
- Categoria: Crítica da História da Arte
Amostra Grátis do Livro
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