A Árvore de Pedra

Não foi fácil escrever esse livro.
Na verdade, não é propriamente um livro, com começo, meio e fim, até porque começa por este.
Não há aqui nada para se entender.
Aliás, pode ser que tenha, mas até agora não tenho a mínima ideia dessa compreensão.
Assim, começo pelo fim.
Pelo seu fim.
Aviso logo que as primeiros etapas são terrivelmente tristes, pesados e angustiantes.
Algumas pessoas podem achar os textos lamuriantes e desesperados.
Pouco me importa.
Escrevi para mim e para você. Principalmente para você.
Foi a única maneira que encontrei para manter a sanidade para eles.
Guta, Clarinha e Pedrinho merecem um pai minimamente vivo.
Ou, pelo menos, teimosamente sobrevivente.
É o que estou tentando. Apesar do sangramento.
Você encontrará, aqui, muitas das suas possíveis lembranças.
Nossa vida vivida, e por viver, está aqui.
Apesar de você não.
Talvez, esses sentimentos a ajudem a seguir em frente, onde quer que você esteja, e a auxilie a voltar, algum dia, de alguma maneira, em uma vida sem vírus.
Espero que volte para nós.
Espero que volte para mim.