9 Crimes

“O homem que agora escreve a você é um tremendo de um idiota. Espero que tenha paciência para ler até o final e saiba que não aguardo mais o seu regresso aos meus braços, pois sei que não mereço recompensa pelo meu comportamento.” Assim começa a carta de David para Lívia, após ele perceber os pequenos crimes cometidos contra ela ao longo do relacionamento que construíram juntos. Diferentes por fora, os dois são semelhantes na essência, e, através da música produzida no palco, eles se complementam, crescem juntos e tocam as pessoas que os conhecem, encantam a plateia e acabam por ser lentamente consumidos pelo sucesso. A possibilidade de permanecerem juntos se torna cada vez menor, eles machucam um ao outro conscientemente, desentendem-se e se distanciam no vazio das palavras não ditas e na diferença entre seus patamares e ambições. O que resta é mágoa, arrependimento, incertezas e o desejo, por parte daqueles que melhor os conhecem, de que voltem a tocar juntos – e a ficar juntos. Só os dois sabem, no entanto, o quanto se machucaram e o quanto estão dispostos a sacrificar em nome de uma das mais belas parcerias que a música já viu.

Fortemente influenciados pelas canções dos irlandeses Damien Rice e Lisa Hannigan, David e Lívia acabam por fundar a banda cover 9 Crimes, nomeada em homenagem a uma canção deles, ao lado de um contrabaixista, uma violoncelista e um percussionista. O relacionamento, que desde o princípio vai para muito além do profissional, passa por altos e baixos, conforme a fama deles começa a crescer e a ganância dele acaba por ofuscar o brilho dela, reflexo do desequilíbrio na equação de intimidade e autoridade dos dois.

Terceiro livro do autor, que também escreveu Aurora (2010), O Céu na Terra (2011) e Abismo (2017).

Ao provável leitor, peço a gentileza de deixar seus comentários e críticas construtivas. Obrigado e boa leitura!