62 Poemas de Judson Vereen

INTRODUÇÃO POR YASMIN FRANÇA

Tendemos a romantizar jovens poetas, e o apelo é claro: há algo especial e chamativo no que é novo, pulsante, tão sentimental e quase puro nessa forma como jovens expressam suas angústias e seu mundo interior. Mas o que encontramos em “62” vai além disso; existe uma profundidade e até mesmo um grau de ceticismo no trabalho de Vereen que escapa claramente a tais clichês.
Há dor em suas palavras. Mas há também luz. Luz e escuridão dançam ao longo das páginas desse compêndio, e vários poemas são curtos, cortantes em sua força. Tudo em “62” carrega um senso de urgência, mas muito além simplesmente da urgência que se associa à juventude; é uma necessidade de se viver plenamente, devorar e elaborar sentimentos complexos que pulsam de um ser criativo que ama, faz arte e percebe o mundo tão intensamente. Suas declarações para antigas amantes são emocionalmente carregadas, mas também o são suas palavras para amigos, cidades, e tudo mais que desperte a atenção do jovem artista.
Acompanhando a carreira de Vereen se percebe facilmente o quanto seu eu-artístico frequentemente se empenha em gerar sentimentos e reações extremas, apaixonadas. E não há necessidade de separar homem e artista (ou, no caso de “62”, garoto): um trabalho tão íntimo merece ser apreciado de uma perspectiva emotiva e pessoal. Porque aqui reside a força do trabalho: auto-escavação ao máximo. A expressão de forças tão instintivas, cruas, revelam a honestidade com o que o artista analisa seu lugar no mundo e também onde quer estar. A poesia de “62” vibra com belas, mas muitas vezes inconfortáveis verdades – e, ainda que breve, a obra é uma recompensadora introdução ao trabalho de um artista incansável em sua produção.