“Poema Patético” – Carlos Drummond de Andrade
Poema Patético
Que vai ser quando crescer?
Vivem perguntando em redor. Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três. E sou?
Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito?
Ou a gente só principia a ser quando cresce?
É terrível, ser? Dói? É bom? É triste?
Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?
Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.
Que vou ser quando crescer?
Sou obrigado a? Posso escolher?
Não dá para entender. Não vou ser.
Vou crescer assim mesmo.
Sem ser Esquecer.
-
Ler Online
Ver mais - “Marcha fúnebre para o rei Luís Segundo da Baviera” – Bernardo Soares (Fernando Pessoa)
- “Máximas” – de Bernardo Soares (Fernando Pessoa)
- “Milímetros” – Bernardo Soares (Fernando Pessoa)
- “Na Floresta do alheamento” – Bernardo Soares
- “Nossa Senhora do Silêncio” – Bernardo Soares (Fernando Pessoa)
- “O amante visual (Tenho do amor profundo)” – Bernardo Soares (Fernando Pessoa)