“O Coelhinho Branco” – Adolfo Coelho
O Coelhinho Branco
Era uma vez
Um coelhinho
Que foi à sua horta
Buscar couves
Pra fazer um caldinho.
Quando o coelhinho branco voltou para casa depois de vir da horta, chegou à porta e achou-a fechada por dentro; bateu e perguntaram-lhe de dentro: — “Quem é?”
O coelhinho respondeu:
Sou eu, o coelhinho,
Que venho da horta
E vou fazer um caldinho.
Responderam-lhe de dentro:
E eu sou a cabra cabrês
Que te salto em cima
E te faço em três.
Foi-se o coelhinho por aí fora muito triste e encontrou um boi e disse-lhe:
Eu sou o coelhinho
Que tinha ido à horta
E ia para casa
Fazer o caldinho;
Mas quando lá cheguei
Encontrei a cabra cabrês
Que me salta em cima
E me faz em três.
Responde o boi: “Eu não vou lá que tenho medo.” Foi o coelhinho andando e encontrou um cão e disse-lhe:
Eu sou o coelhinho, etc.
Responde o cão: “Eu não vou lá que tenho medo.” Foi mais adiante o coelhinho e encontrou um galo, a quem disse também:
Eu sou o coelhinho, etc.
Responde o galo:
“Eu não vou lá que tenho medo.”
Foi-se o coelhinho muito mais triste, já sem esperanças de poder voltar para casa, quando encontrou uma formiga que lhe perguntou: “Que tens tu, coelhinho?”
Eu vinha da horta, etc.
Responde a formiga: “Eu vou lá e veremos como isso há de ser.” Foram ambos e bateram à porta; diz-lhe a cabra cabrês lá de dentro:
Aqui ninguém entra
Está cá a cabra cabrês
Que lhes salta em cima
E os faz em três.
Responde a formiga:
Eu sou a formiga rabiga,
Que te tiro as tripas
E furo a barriga.
Dito isto, a formiga entrou pelo buraco da fechadura, matou a cabra cabrês, abriu a porta ao coelhinho, foram fazer o caldinho e ficaram vivendo juntos, o coelhinho branco e a formiga rabiga.
Pesquisa e atualização ortográfica: Iba Mendes (2017)
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