“As rosas amo dos jardins de Adónis” – Ricardo Reis (Fernando Pessoa)
As rosas amo dos jardins de Adónis
As rosas amo dos jardins de Adónis,
Essas volucres amo, Lídia, rosas,
Que em o dia em que nascem,
Em esse dia morrem.
A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o sol, e acabam
Antes que Apolo deixe
O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida um dia,
Inscientes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após
O pouco que duramos.
Texto publicado por Fernando Pessoa na primeira edição da revista Athena, outubro de 1924, p. 19-24.
-
Ler Online
Ver mais - “Bendito seja o mesmo sol em outras terras” – Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
- “Cuidas, ínvio, que cumpres, apertando” – Ricardo Reis (Fernando Pessoa)
- “Prazer, mas devagar” – Ricardo Reis (Fernando Pessoa)
- “Saudoso já deste verão que vejo” – Ricardo Reis (Fernando Pessoa)
- “Não queiras, Lídia, edificar no spaço” – Ricardo Reis (Fernando Pessoa)
- “Tuas, não minhas, teço estas grinaldas” – Ricardo Reis (Fernando Pessoa)